O prazer e a dor no trabalho conjunto - Cinco anos da Rede Empresarial de Inclusão Social
Somos do tamanho daquilo que compartilhamos. Não sei de quem é a frase, mas tem muito significado para mim, especialmente nesse momento de minha vida em que atuo como empreendedora social, ajudando empresas e instituições a promover a inclusão. Trocar experiências e trabalhar junto com outras pessoas nos fortalece sempre e o propósito comum ajuda muito a promover a comunhão. Porém, é preciso admitir, que quase nunca é fácil conciliar personalidades, jeitos, tempo, medos, ritmo e expectativas de cada um, e traduzir as individualidades em um todo.
Esta reflexão e relato expressam minha gratidão por fazer parte de movimentos coletivos coerentes com minha prática e minhas convicções, e também é uma descrição sobre como um evento pode ser rico em conteúdo, afeto e em colaboração, antes, durante e depois de sua realização. Trata-se do 27o. Encontro da Rede Empresarial de Inclusão Social, realizado dia 23 de junho, quando compartilhamos emoções, saberes e vontade de promover uma sociedade inclusiva de fato.
Primeiro, conhecemos a experiência da Dow em estruturação de comitês multidisciplinares (olha a rede interna aí!!) para a inclusão social, apresentada por Elisabete Delazari, gestora super engajada! A emoção cresceu na sequencia da abertura do encontro, feita por nossa representante Eliane Raniere, gestora de Diversidade e Inclusão durante 33 anos na IBM. Ela recebeu uma pequena homenagem nossa, do grupo diretor da Rede, em reconhecimento à sua grande contribuição até o momento e como simbolismo do quanto ainda queremos contar com sua presença por muitos anos no grupo diretor.
Sob a luz do tema do encontro: Desafios e avanços na empregabilidade de PcDs nas empresas, eu fui convidada também para expôr sobre a importância da gestão da inclusão para gerar valor ao negócio. Abordei o uso de ferramentas de gestão e acompanhamento de indicadores de evolução para a inclusão, indicando caminhos de aproximação entre questões sociais e resultados corporativos para os gestores e consultores presentes.
Em seguida trabalhamos em grupos colaborativos, em uma oficina preparada por Silvia Tyrola e conduzida por Thays Toyofuku, duas gestoras referência em Diversidade e inclusão de pessoas com deficiência. Antes do encontro, os grupos de trabalho do grupo diretor da Rede Empresarial de Inclusão Social, formados por gestores de Diversidade e Inclusão de grandes empresas como, além das já mencionadas, Magazine Luiza, Natura, Accenture, EY, RD (Raia Drograsil), GPA, GTCon e JLL, Camila Fornazari, Fernando Braconoti, Ricardo Silva, Barbosa Filho, Maria Luiza Galina, Ana Claudia Miguel, Marina Sano, Cristiane Santos, Adriana Souza e eu, que revisamos todos os conteúdos que serviram de base para as discussões.
Os quase 100 participantes do 27o. Encontro foram organizados em grupos temáticos e cada grupo elegeu um representante, que foi ao palco apresentar os resultados do diálogo. Os integrantes do grupo diretor da Rede Empresarial de Inclusão Social participaram ativamente de todos os grupos temáticos. Entre os escolhidos para representar os grupos temáticos formados durante a oficina, tivemos a exposição muito clara e didática de Tarcisio Paciulo Castilho, e também de Marta Gil e de Nadia Leinig. Abrimos aqui a oportunidade para que vários protagonistas se manifestassem. A conclusão do encontro foi feita por Andrea Regina, grande referência e representante da Serasa Experian, empresa "berço" da Rede, que teve impulso graças a iniciativa de nosso querido Joao Ribas. Dessa forma, todos tiveram a oportunidade de se expressar, trocar, brilhar e de crescer.
E o que é melhor - grande parte dos participantes do encontro são pessoas com deficiência, embora essa característica não tenha se sobressaído porque o ambiente foi preparado com muito carinho e atenção por Geraldo Marchesoni e a equipe da Dow, empresa que sediou esse encontro. Além da garantia das acessibilidades arquitetônica e comunicacional - elevadores, rampa para o palco e no auditório, interprete de Libras e audiodescrição (feitas pelas consultorias K&K e Katalise) - a acessibilidade atitudinal também prevaleceu, e as pessoas com deficiência contribuíram para as discussões, de igual para igual, como são.
No trabalho em rede, em determinadas circunstâncias, o outro reflete como um espelho aspectos que não queremos ver em nós, e podemos não conseguir lidar com a momentânea "dissolução do ego" necessária para o trabalho em rede. Mas é preciso reconhecer que o nosso propósito de inclusão e valorização da diversidade deve ser praticado também (e principalmente) aqui, e lembrar que internamente as diferenças também são valiosas e enriquecem o conjunto. No final, sempre somos recompensados porque, ao mesmo tempo que abrimos mão da identidade individual, temos oportunidade de nos conhecer melhor. Dessa forma, reconhecemos que a contribuição de cada um impacta na qualidade das ações, e o que cada um faz ou deixa de fazer reflete no conjunto. Todos os que se dedicaram sentem-se gratificados pelo resultado alcançado e os que não puderam contribuir sentirão vontade de pertencer.
A todos os participantes do encontro, esperamos que tenham saído fortalecidos para que continuemos juntos trabalhando pelo mesmo objetivo, de forma colaborativa e afetuosa! Acredito muito no trabalho em rede e no seu poder de transformação. Tanto que o nome da minha consultoria é Instituto Modo Parités, expressão em Latim que significa Somente Juntos! Sei que não é fácil sempre mas acredito que individualmente somos como velas acesas, cada uma com seu brilho e, ao acender outras velas, juntos nos iluminamos muito mais!