A distante acessibilidade no universo dos games
Por: Raquel Paoliello e Viviane Garcia
Quando falamos do mundo dos videogames, logo vem a nossa mente jogos de consoles ou PCs, e claro, os jogos de smartphones. Jogos que divertem pessoas de todas as idades e nacionalidades. Mas, será que encontramos acessibilidades nesses jogos, para as pessoas com deficiência?
Nesta breve pesquisa observamos que muito ainda é preciso para que realmente todas as pessoas, com deficiência ou não, possam ter acesso a diversões eletrônicas de cores atraentes e visuais incríveis. Existem várias pessoas com deficiência que gostam de jogos e todas elas deveriam ser contempladas com a acessibilidade, porém isso não ocorre.
As pessoas com deficiência até podem se divertir realizando downloads de alguns tipos de jogos, como o Super Mario (sobre corridas), Show do Milhão (de perguntas e respostas) e o famoso “Soletrando”, porém os jogadores com deficiência notam que ainda falta muito para a evolução na questão de acessibilidade para os jogos citados e os de grande fama mundial, os quais são os preferidos de campeonatos e premiações pelo mundo.
Além da exclusão no lado da diversão, a ausência de acessibilidade afeta também o aprendizado, considerando que as crianças que possuem deficiências de origem motora, cognitiva, visual, auditiva, de fala ou de linguagem, ao brincarem e jogarem certos jogos, poderiam superar desafios extremamente relevantes para o desenvolvimento, que também influenciam na equidade de oportunidades.
Em outras palavras, acessibilidade também é desenvolver meios que permitam a inclusão de indivíduos diversos em variadas atividades, independentemente de sua deficiência.
Primeiros passos para a acessibilidade em games
Há 10 anos, o máximo que se via de acessibilidade em alguns jogos eram legendas e o próprio áudio do jogo em diálogos (quando existiam), para guiar jogadores com deficiência visual, por exemplo. Atualmente tem se falado sobre recursos de acessibilidade no Gameplay, que é um aplicativo de jogos online e, inclusive, há equipes dedicadas para aperfeiçoar esses sistemas – dependendo do orçamento dedicado ao projeto desses games.
A acessibilidade no mercado dos games precisa ser mais difundida e acompanhar a evolução – em setores como o audiovisual por exemplo, algumas iniciativas, por mais tímidas que sejam, já existem, como a audiodescrição e exposições interativas acessíveis.
Nosso entrevistado Matheus Lima, 42, que possui deficiência visual, afirma que nunca observou na grande indústria dos games uma preocupação em tornar acessível nem democratizar a proposta de seus produtos de entretenimento e ainda ressalta que o universo dos games precisa ser mais divulgado e até reivindicado pelas pessoas com deficiência.
Segundo Lima, atualmente, este mercado é praticamente descartado pelas pessoas com deficiência visual. Isso ocorre unicamente porque são poucas as iniciativas de aproximação deste grupo com a grande mídia e produtoras dos games, especialmente com aqueles jogos de maior sucesso.
Nosso outro entrevistado, Thyerry Marcondes, 34, que possui síndrome de Usher, que afeta a visão e a audição, diz que o mercado dos games não inclui da maneira correta as pessoas com deficiência visual e surdocegas. Ele nos conta também que sempre gostou muito de jogar os dois tipos de jogos: tabuleiro e computador. Recentemente optou por jogos físicos como xadrez. E o game de computador, que costuma jogar é o Super Mario, com controle de videogame vibratório.
Alternativas aos games eletrônicos e digitais
Viviane Garcia, analista de conteúdo no Instituto Modo Parités, aprendeu a jogar Xadrez no período de isolamento da pandemia Covid19.
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