Dia dos povos indígenas
Por Gabriele Felix
No dia 19 de abril é celebrado no Brasil e em alguns países do continente americano o Dia dos Povos Indígenas. No ano de 1.500, quando os portugueses chegaram no continente sul-americano pelo Oceano Atlântico, havia cerca de 3 milhões de indígenas habitantes de todo o território. Atualmente, estima-se que haja cerca de 818.000 pessoas indígenas de 250 etnias distintas vivendo em 13,8% do território nacional brasileiro, representando 0,4% da população.
Desde os primeiros contatos com os portugueses até o momento atual, os povos indígenas são sistematicamente exterminados por contaminação de doenças, assassinatos, escravização, expulsão e invasão de seus territórios, violência, discriminação e preconceito que os empurram para situações de miséria e vulnerabilidade no entorno de muitas cidades do país.
A voz de quem tem muito a ensinar
Por séculos impedidos de se posicionar e de serem ouvidos, atualmente muitos jovens indígenas estão levantando sua voz nas redes sociais, trazendo visibilidade seus povos, expondo a realidade de ameaças e violência constante, e trazendo questionamentos sobre a qualidade de vida aos povos indígenas, trazendo conhecimento e buscando quebrar o racismo, preconceito e discriminação dirigidos.
Acompanhe alguns perfis no Instagram, que abordam a temática: (@casaninjaamazonia), (@paiter_surui), (@guajajarasonia), (@joeniawapichana), (@myrianveloso), entre tantos outros.
Apoie também artistas indígenas, especialmente as ilustradoras, indicadas pelo perfil @casaninjaamazonia e que trazem o protagonismo da mulher indígena: Yacunã Tuxá (@yacunatuxa), mulher e artista indígena da Bahia. Daiara Tukano (@daiaratukano), mulher, comunicadora, artista e ativista indígena. Jé Hãmaãgay (@pedejatoba), mulher e fotógrafa indígena. Tamikuã Txihi (@tamikuatxiihi_oficial), mulher, artista, ativista indígena. Juliana Gomes (@abyayalese), mulher, pintora e estudante indígena.
Origem da data
No dia 19 de abril de 1940 representantes de diversas etnias de países como Chile e México, se reuniram para o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano. Esse congresso tinha como objetivo discutir pautas a respeito da situação dos povos indígenas após séculos de colonização.
O Primeiro Congresso Indigenista Interamericano serviu como agenda programática para diversas políticas públicas. Uma das importantes decisões tomadas foi a escolha do dia em que ocorreu o congresso como o Dia do Índio, cuja nomenclatura foi atualizada para Dia dos Povos Indígenas. No ano seguinte, diversos países americanos passaram a incluir a data do dia 19 de abril em seus calendários. No Brasil, a data foi instituída em 1943 pelo então presidente Getúlio Vargas, via decreto de lei.
Presença no ensino superior
Ano após ano, vem aumentando o ingresso de pessoas indígenas no ensino superior. Segundo os dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) de 2018, foram mais de 57 mil indígenas matriculados no ensino superior, um aumento significativo em relação ao último censo de 2010, quando eram apenas cerca de 7 mil indígenas.
Dentre os diversos cursos oferecidos pelas universidades, os mais procurados pelas pessoas indígenas são direito, pedagogia, enfermagem e administração. A área de comunicação, vem buscando cada vez mais profissionais de origem indígenas para agregarem de forma diversa e trazerem as suas experiências culturais ao ambiente de trabalho. Visando promover, além da diversidade, a visibilidade para histórias e potências relacionadas aos povos e comunidades tradicionais.
Direitos de cidadania
Os povos indígenas têm todos os direitos de cidadãos brasileiros, e também têm conhecimentos, sabedorias, anseios e necessidades específicas que precisam ser garantidas pelo Estado. Embora muitos estejam concentrados em grande parte na Amazônia e região Norte, a população indígena brasileira continua dispersa em quase todo o território nacional.
Alguns grupos ainda vivem em completo isolamento social, mas a maioria está integrada, e busca a preservação da identidade cultural, um de seus direitos constitucionais de condições dignas de vida e do espaço político. A garantia e proteção territorial é fundamental para isso.
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