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23 de setembro, Dia Internacional da Língua de Sinais


Por Sergio Gomes

Fundo azul. Mãos fazendo em gestos a palavra "Libras".

Dia Internacional da Língua de Sinais


No dia 23 de setembro comemora-se o Dia Internacional da Língua de Sinais. Não existe uma língua de sinais universal. Como acontece com as línguas faladas, as línguas gestuais mudam de acordo com a região. Estima-se que existam mais de 200 línguas de sinais diferentes pelo mundo. Cada uma se aproveita da sua cultura para estabelecer os gestos que serão aplicados para cada palavra ou frase.


O dia foi estabelecido nessa data porque é quando se comemora a fundação em 1951 da Federação Mundial de Surdos, em Roma, na Itália e no inglês World Federation of the Deaf (WFD). A pedido da Federação Mundial dos surdos a ONU resolveu em 2017 estabelecer como o dia 23 de setembro, pois coincide com a data de fundação da WFD. Na ocasião, o presidente da WFD, Colin Allen, disse que “esta resolução reconhece a importância da língua de sinais e dos serviços em línguas de sinais estarem disponíveis para os surdos o mais cedo possível. Também enfatiza o princípio de nada sobre nós sem nós em termos de trabalhar com comunidades de surdos”.


No Brasil estima-se que mais de 2 milhões de pessoas usem a Libras para se comunicar.

Sobre a Língua de Sinais o presidente da Associação dos Surdos de São Paulo, Jorge Rodrigues explica “É por meio dela que a gente se expressa plenamente, interage com as pessoas surdas, conserva a nossa história enquanto comunidade, sem isso a gente não tem nada”. A língua de sinais chegou a ser proibida por Lei. Em 2002 houve uma importante conquista para a comunidade surda no Brasil, a Libras (Língua Brasileira de Sinais) foi reconhecida como meio legal de comunicação e expressão, de acordo com a lei nº 10.436/2.002.


Dia Nacional do Surdo


No dia 26 de setembro comemora-se o Dia do Surdo e no Brasil são mais de 9 milhões de pessoas com algum grau de deficiência auditiva. O mês de setembro é conhecido também como setembro azul, pois é o mês da visibilidade da Comunidade Surda Brasileira. E por que o azul? Esse fato remete à Segunda Grande Guerra, quando todas as pessoas com alguma deficiência, entre elas os surdos, eram identificadas com uma faixa azul no braço e depois enviadas para campos de extermínio onde eram executadas.


O Dia Nacional do Surdo foi instituído em 2008, por meio do decreto de lei nº 11.796.

Nesse dia especial conversamos por e-mail com Camila Delfino, 38, que é surda, poeta e professora de Libras e também é bilíngue (Libras e fala) e ela nos conta um pouco mais sobre a vivência da surdez e ela começa nos falando de suas maiores dificuldades no dia a dia “Nos hospitais, nos bancos, cinemas e algumas lojas, muitas pessoas não entendem ou não querem entender a importância de usar Libras (bem básica) para se comunicar com as pessoas surdas, eu, por exemplo, escrevo usando o português, as pessoas se espantam (por ignorância), pois acham que surdos não sabem se comunicar por escrito. Outro exemplo é nos perguntar se sabemos ler, sendo que já sabem ou conhecem minha história e ou pessoas que não me conhecem e perguntam ‘sabe ler?’ eu falo ‘Desculpa, se te dei um bilhete (que já está escrito a minha própria mão) para você ler, porque eu não saberia ler e escrever?’ isso acontece muito. Então as pessoas “reclamam” que surdos deveriam aprender a falar, se nós somos da diversidade, porque elas não podem fazer um pequeno esforço para entender em Libras, não necessariamente ser fluente, mas saber alguns sinais básicos.


Mulher negra, de cabelos cacheados castanhos. Ela está sentada com a mão para frente.
Camila Delfino, surda, poeta e professora de Libras

Camila também nos fala sobre a importância de se dominar a Libras “Saber conviver com a comunidade surda, aprender a aceitar quem você é e também entrar no outro mundo surdo, isso consegue ter mais sensibilidade de dominar a Libras”.


Ela nos fala também sobre a importância de se ter uma data para comemorar o dia da língua de sinais “Então, sem a data para comemorar ou relembrar que tem pessoas que usam línguas de sinais, lembrar que existem. Sobre Dia Nacional do Surdo, é para homenagear e comemorar a luta da primeira escola de surdos, agradecer as pessoas que batalharam e lutaram pelos parentes surdos, relembrar que nós somos importantes no meio dos ouvintes também”.


Abaixo uma poesia de Camila Delfino que tem muito a ver com o Dia do Surdo e com o Dia Internacional da Língua de Sinais:


Minhas mãos não são mágicas

Minhas mãos não são lindas

Minhas mãos não são fascinantes

Minhas mãos não são top

Elas são as vozes!

Com elas posso...

Comunicar!

Falar!

Expressar!

Poetizar!

Gritar!

Cantar!

By: CDAquaria


Dia Mundial do Tradutor


No dia 30 de setembro comemora-se também o Dia Mundial do Tradutor, essa data foi instituída no dia em que supostamente morreu São Jerônimo em 420. São Jerônimo foi conhecido por traduzir a Bíblia do grego antigo e do hebraico para o latim, tornando-a mais acessível.


O Dia Mundial do Tradutor comemora a profissão e o trabalho do tradutor/intérprete no mundo inteiro e isso inclui o tradutor de Libras, um importante profissional também, que nos auxilia na comunicação com os surdos.


Dessa forma, o tradutor/intérprete de Libras também deve comemorar o dia de hoje, isso porquê os princípios da tradução estão atrelados a Língua Portuguesa e a sinalização.

Camila Delfino também é professora de Libras e por isso está apta a traduzir de Libras para a Língua Portuguesa e perguntamos a ela qual o maior desafio da profissão de professor de Libras e ela nos conta:


“Acredito que meus desafios são “quebrar” o pensamento das pessoas que nos observam ou nos veem, por exemplo as pessoas vêm fazer ou aprender Libras, a maioria delas são:

[As pessoas dizem] “‘Ah acho Libras bonito e mágico, pena que você não escuta são várias frases ignorantes vamos dizer, eu não posso transformar, mostro risos, mas o que faço é trocar de lugar, sabe? Eu pego a frase e falo brincando ‘Ah falar é bonito e mágico’, faço isso para provocar e impactar, as pessoas começam a refletir, aí depois vem e me pedem desculpas, normal porque faltam muitas informações para entender o mundo surdo, ou porque não tiveram oportunidade de conhecer por outros motivos. Eu como professora, preciso também saber como provocar e refletir elas a repensar ou mudar de visão, sem afetar o emocional ou sentirem-se ofendidas. Porque normalmente alguns surdos são muito diretos ao falar e não percebem que ofendem ou que podem machucar o emocional [de outra pessoa]. Acho que é isso.”

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