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Dia Internacional de Combate a Discriminação Racial

Iniciativa prepara mulheres negras para serem

conselheiras de administração.


Por Sergio Gomes


No dia 21 de março comemora-se o Dia Internacional de Combate a

Discriminação Racial. A data foi instituída pela ONU (Organização das

Nações Unidas) em memória ao Massacre de Sharpeville, na África do Sul,

em 1960, onde foram assassinados 69 manifestantes pacíficos que

protestavam contra o Apartheid.

No Brasil, a discriminação racial é algo que permeia diferentes esferas da

sociedade e causa muitos problemas à população negra, como falta de

oportunidades de emprego, maior dificuldade de acesso aos serviços de

saúde, além da tentativa de apagamento da história e da cultura dos

descendentes dos povos africanos que vieram forçados para o Brasil, por

meio do tráfico de pessoas escravizadas por europeus durante mais de 300

anos. Podemos citar ainda a letalidade desigual com a qual a polícia trata a

população negra.

Vejamos alguns números que nos dão um pequeno vislumbre do que a

discriminação racial causa no Brasil: segundo dados do Fórum Brasileiro de

Segurança a letalidade das ações policiais é 2,8 vezes maior entre os

negros do que entre os brancos, em 2019 a porcentagem de pessoas

negras mortas em ações policiais foi de 78,9%  segundo o IBGE (Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística) e também de acordo com o IBGE

64,9% da população desempregada é negra e segundo o mesmo IBGE,

56,1% da população é composta por negros (o que inclui pretos e pardos);

esses são apenas alguns números.

Para reverter estas estatísticas, é fundamental que a luta antirracista seja

uma pauta constante no país, com ações concretas para a promoção da

igualdade racial e o enfrentamento ao racismo estrutural. Exemplos não

faltam de protagonismo e de iniciativas individuais e coletivas.


Rumo ao Conselho de Administração - Conselheira 101


Enquanto o número de mulheres em geral ainda é de apenas 14% nos

Conselhos de Administração de Empresas (levantamento Instituto Brasileiro

de Governança Corporativa IBGC 2023), apenas 1% destas mulheres se

declaram pardas e menos de 1% são negras (Retrato da Conselheira no

Brasil, de 2021, da Women Corporation Directors WCD). Liderado pela

economista Jandaraci Araújo, o movimento Conselheira 101, um coletivo de

mulheres criado em 2020, prepara gratuitamente executivas negras para

assumirem posição em conselhos. Já formou 62 profissionais, e 47% delas

estão ocupando posições em conselhos e comitês empresariais. As

Foto: Jandaraci Araújo, economista inscrições para a nova turma estão abertas até dia 31 de março, e mais

e cofundadora do movimento informações podem ser obtidas em www.linkedin.com/company/conselheira101

Conselheira 101



Protagonismo por 50 anos

Uma figura importante na luta contra o racismo no Brasil foi a jornalista

Glória Maria Matta da Silva, a famosa e saudosa Gloria Maria. Glória Maria

nasceu em Vila Isabel, na cidade do Rio de Janeiro em 1949 e faleceu

neste ano de 2023. Com mais de 50 anos de carreira, Gloria se tornou uma

referência no jornalismo brasileiro, sendo a primeira mulher negra a integrar

uma equipe de reportagem do Jornal Nacional e foi também a primeira

repórter a entrar ao vivo e em cores durante o Jornal Nacional. Desde

então, ela veio quebrando barreiras e desafiando estereótipos de gênero e

raça, mostrando a diversidade e riqueza da cultura brasileira em rede de TV

assistida por milhões de brasileiros.

Gloria Maria sempre trabalhou com dedicação e profissionalismo e cobriu

importantes momentos históricos, como e a posse do presidente

estadunidense Jimmy Carter e a Guerra das Malvinas, tornando-se a

primeira mulher brasileira a cobrir uma guerra. Em entrevista à jornalista Lu

Lacerda em 2017, Glória Maria disse “A escravidão continua existindo, só

mudou de cara. Não somos mais presos por correntes ou grilhões, sim, mas

a nossa escravidão é tão cruel que somos vistos como inferiores,

subalternos, sub-humanos e, pior ainda, sem poder de decisão.” Ainda na

mesma entrevista Glória Maria prosseguiu “O racismo no Brasil é muito

mais grave, muito mais cruel, porque parte da desinformação e do egoísmo.

Em outros países, existe, mas, quando acontece, é direto –temos como nos

defender, você reconhece o inimigo e fica mais fácil lidar com ele. No nosso

país, as pessoas, além de racistas, são covardes”.

O legado de Gloria Maria é um exemplo para todos aqueles que lutam

contra o racismo e a discriminação. Ela mostrou que é possível vencer os

obstáculos e se destacar em uma sociedade desigual, sem abrir mão de

suas raízes e de sua identidade. Sua história inspira gerações de jovens

negros e negras a buscar seus sonhos e acreditar em seu potencial, mesmo

diante das dificuldades.

No Dia Internacional de Combate ao Racismo, é fundamental lembrar a

importância da luta contra todas as formas de preconceito e discriminação.

É necessário que a sociedade brasileira se uma em torno dessa causa, e

que sejam tomadas medidas concretas para promover a igualdade racial e

combater o racismo estrutural. Gloria Maria é um exemplo de como o

jornalismo pode ser uma ferramenta poderosa nessa luta, mostrando a


realidade dos que sofrem com a discriminação e ampliando a voz daqueles

que lutam por justiça e igualdade.

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