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O Dia Internacional de Luta Pela Eliminação da Discriminação Racial

Por Sergio Gomes



fundo laranja. título: 21 de março. dia internacional contra a discriminação racial. no canto superior direito está o logo do instituto modo parités. ilustração de punhos de cores variadas erguidos em sinal de protesto.

O dia 21 de março é um marco importante na história do combate a discriminação racial, mas tem sua origem em um evento trágico. Nesse dia, em 1960, na cidade de Johanesburgo, na África do Sul, 20 mil negros protestavam contra a lei do passe, que os obrigava a portar um cartão que dizia os lugares onde eles podiam transitar.


No bairro de Shaperville esse grupo encontrou tropas do exército, que abriram fogo contra a multidão, ocasionando 89 mortes e deixando 186 pessoas feridas. Essa tragédia ficou conhecida como o Massacre de Shaperville e a ONU resolveu, em memória da tragédia, instituir 21 de março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.


E neste, 21 de março, temos muito ainda a fazer e muito pelo que lutar.


Quando olhamos os números as coisas ficam piores, pois diversas estatísticas mostram a população negra (pretos e pardos) mais pobre e mais marginalizada. A discriminação racial não se dá só contra os negros, mas no nosso país os principais casos de discriminação acontecem contra a população negra, que representa 56% da população brasileira segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).


Quando jogamos luz sobre temas como a violência percebemos como os negros são mais vulneráveis e mais afetados pelas mazelas sociais, econômicas e ambientais. Com números de 2020 sabemos que 76,2% das pessoas assassinadas no Brasil são negras. Em uma década foram 405.811 mortes de pessoas negras no país, é o mesmo que ter a capital do Tocantins, Palmas, completamente dizimada. E as coisas não param por aí: em 2020 também 61,8% das vítimas de feminicídios eram negras. E nos lembremos dos casos que chocaram o país e casos que chocaram o mundo, no Brasil em 2020 também, tivemos o assassinato de João Alberto Silveira Freitas, um homem negro que foi espancado até a morte em uma loja do supermercado Carrefour em Porto Alegre. Também tivemos no mesmo ano o caso nos Estados Unidos do assassinato de um homem negro, George Floyd que causou revolta não só nos EUA, mas no mundo, com vários protestos, alguns deles violentos.


O ano de 2021 também foi marcado pelos casos de racismo no comércio, a maior parte dos casos de vendedores das lojas que confundem clientes negros com bandidos

Para a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, há uma maior consciência sobre o crime de racismo.


"Eu acho que temos dois fenômenos aí. Por um lado, as pessoas estão mais conscientes. Isso significa que pessoas negras estão mais atentas a qualquer ação racista, mas também que a sociedade tem discutido e se policiado mais com expressões e condutas que, há poucos anos, eram naturalizadas. Me parece que temos mais consciência hoje", afirma.


Samira diz que não descarta a hipótese de que estamos, de fato, diante de um crescimento destes casos.


"Seria coerente com o que tem apontado as estatísticas que tabulamos no Anuário Brasileiro de Segurança Pública . Crimes de ódio têm crescido, com o racismo, o feminicídio e os crimes contra a população LGBTQIA+".


Já em 2022 temos mais casos de racismo que espantam o mundo, depois do início da guerra na Ucrânia, que foi invadida pela Rússia, milhares de pessoas deixaram ou tentaram deixar o país.


“Nas estações de trem de Kiev, crianças primeiro, mulheres em segundo lugar, homens brancos em terceiro, depois o restante das vagas é ocupada por africanos. Esperamos muitas horas pelos trens e não conseguimos entrar devido a isso." Em sua conta no Twitter, um estudante nigeriano conta como é tentar fugir da guerra da Ucrânia sendo negro. Com relatos como esses reunidos pela hashtag #AfricansinUkraine (africanos na Ucrânia), africanos e outros imigrantes negros que vivem no país afirmam que estão sendo vítimas de racismo ao tentarem se deslocar, sendo barrados em trens, ônibus e nas fronteiras por guardas ou outros cidadãos ucranianos.


uma mulher branca de cabelos curtos e loiros fala ao celular. do lado direito um homem negro segura uma criança negra no colo.

Pai espera com a filha na estação de trem de Kiev na quinta-feira, primeiro dia da invasão russa - Umit Bektas - 25.fev.22/Reuters


Em resposta, governos como o da Nigéria divulgaram comunicados dizendo que foram informados de situações do tipo e condenaram o tratamento discriminatório. Um dos vídeos mostra uma mulher com um bebê de dois meses no colo, sentada no chão sob uma temperatura de 3 ºC, enquanto um homem não identificado afirma que ela não conseguiu passar pela fronteira, como outras mulheres com crianças.


Segundo o político nigeriano Femi Fan-Kayode, a Polônia e outras nações europeias estão permitindo que ucranianos, indianos e árabes em fuga cruzem a fronteira e se refugiem no país. "As únicas pessoas que estão barrando são africanos negros, e agora existem centenas de estudantes presos na fronteira polonesa", escreveu ele, ex-ministro do Turismo, no Twitter.


"O pior de tudo é o fato de que os próprios ucranianos não estão permitindo que africanos embarquem nos trens gratuitos que forneceram para ucranianos e outros cidadãos deixarem a Ucrânia e fugirem para a Europa. Há relatos de que a polícia ucraniana entrou nesses trens gratuitos e removeu todos os africanos, dizendo que eles tinham que ficar, enquanto permitiam cidadãos de TODOS os outros países." Completa o político.


No dia 21 de março ONG’s e instituições contra o preconceito racial organizam debates e outras atividades que auxiliem na tentativa de conscientizar a população a acabar com qualquer referência ao racismo e discriminação racial.

Infelizmente, ainda hoje o preconceito e discriminação racial é latente em várias partes do mundo, inclusive no Brasil.


Quando se fala em “combate à discriminação racial” significa acabar com todos os tipos de intolerâncias relacionadas com a etnia ou cor.


FONTES: G1


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