Por que não existe o dia da consciência branca?

Todo ano, quando chega o dia da Consciência Negra, é comum entrarmos em contato com a pergunta “Por que não existe o dia da consciência branca?”. Certamente, se você está acompanhando os posts do Instituto Modo Parités, a resposta já parece óbvia e a questão um absurdo, mas caso não esteja convencido ainda disso, responderemos a essa pergunta.

Historicamente, os brancos não sofreram opressão, nem foram considerados objetos e tratados como animais durante centenas de anos. Estatisticamente, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), atualmente os brancos recebem quase 70% a mais do que os negros e não enfrentam preconceitos em uma entrevista de emprego, por conta de sua cor. Os brancos estão presentes majoritariamente em todos os espaços sociais de poder, por isso não precisam de cotas.

Os brancos não precisam se preocupar em serem seguidos por um segurança ao entrarem em uma loja. Os brancos, em sua maioria, não são surpreendidos por uma bala perdida disparada da arma de um policial, visto que grande parte da população que mora nos bairros periféricos é negra. Os brancos confiam na justiça, que não os julga pela sua raça, e em alguns casos até são privilegiados por esse motivo. Uma criança branca que corre dentro de um shopping ou loja não é segurada ou colocada para fora do estabelecimento por seguranças, e clientes brancos não são espancados ou chicoteados em redes de supermercado.

Resumidamente, esses e outros motivos (que já abordamos mais detalhadamente nos posts anteriores) revelam a ignorância social por detrás da pergunta. Por que não há o dia da consciência branca? Simples. Porque os brancos sempre ocuparam uma posição de privilégio na sociedade, que não só os impede de sofrer diversos preconceitos, como também os beneficia socialmente. Por isso é preciso que todo dia seja o dia da consciência sobre o racismo.

Que tal levar esse conhecimento para aquele seu amigo que sempre fala uns absurdos como essa questão?